domingo, 13 de fevereiro de 2022

Esparta e sua Lei - Comentário - David Vega

Comentário sobre a cidade Estado grega mais conhecida pela atividade beligerante. No vídeo explicito a sua filosofia, embora não seja uma propagação da mesma, apenas pelo meio da educação em se retratar períodos da História cujas práticas hoje são condenáveis. Sócrates lutou na Guerra do Peloponeso, a visão democrática ateniense seria antagônica à militarização da sociedade espartana, mas a ideia de exército permanente permeou todo o golfo Corinto e o modus vivendi ocidental, berço de nossa cultura. No vídeo abordo sobre povos como os aqueus, os messênios e posteriormente os Dórios que substituíram os pelasgos, uma fusão de grupos helenos, até a formação da Constituição Grande Retra, por Licurgo, no que foi a antiga Lacedemônia e sua adoração de Apolo, instituindo a Agogê; o asceticismo militar, forjando grandes generais posteriormente como Leônidas e a guerra contra os persas. A Batalha das Termópilas. Também explico a diferença da talassocracia e a telurocracia. Uso como guia o livro Esparta e sua Lei, de Eduardo Velasco.


sábado, 12 de fevereiro de 2022

As Minas do Rei Salomão e a literatura do Imperialismo – Henry Rider Haggard


A literatura não é isenta de ideologia, seja aquela que foi criada para legitimar o poder do imperialismo, ou aquela decolonial visando “descolonizar o entretenimento”. Bem, no século XIX a Inglaterra depois da Revolução Industrial alcançou a sua Pax Britânica, sendo a senhora do mundo com um império em que o sol nunca se punha.

A partir daí, a antropologia surge na intenção de se estudar povos nativos dos rincões do mundo que ela visava anexar, mas com um método comparativo. O racismo científico tentava legitimar a introdução do modus vivendi europeu para povos no “obscurantismo” em um suposto total desespero. Paralelo às novas ciências, a literatura de aventura e ficção, influenciada pelos relatos de povos exóticos começa a se insurgir. Já havia figuras como Julio Verne e clássicos como “A Ilha do Tesouro”, mas foi Henry Rider Haggard, após uma aposta com seu irmão, que escreveu “As Minas do Rei Salomão”, obra que viria a inspirar autores como Sir Arthur Conan Doyle (do Mundo Perdido e Sherlock Holmes) e os filmes de aventura do século seguinte, com a narrativa do branco colonizador, substituído pelo americano herói como os filmes de Charlton Heston e o próprio Indiana Jones.



Allan Quartermain resgata a mítica dos heróis igual Ulysses, Aquiles ou as epopeias gregas. Mas há uma leitura feita pela psicanálise também, que os penny dreadful da época (leitura do baixo clero) deixavam transparecer uma sociedade reprimida pela Era Vitoriana, com mapas que representavam o corpo da mulher e os famosos “Templos da Perdição” (igual n o filme do Indiana Jones) que poderiam metaforizar o órgão genital feminino. A rainha Gagula, feiticeira tirânica dos kakuanas, traz uma imagem caricata da mulher, dizem que Freud recomendava a leitura do livro aos pacientes, mas confesso não me entusiasmar muito com essa ideia fixa de querer encontrar manifestações do inconsciente em tudo, além de levar sempre para o caminho da sexualização. Fato é, que livros como As Minas, mas também Tarzan, Mogli – O Menino Lobo (O Livro da Selva), O Fantasma, Tintin e outros que crescemos lendo ou assistindo, trazem muito mais uma mensagem implícita do que apenas a “ingenuidade” de se contar a história de um herói. As primeiras edições do livro de 1885 foram traduzidas por Eça de Queirós, mas ele ocultou e reescreveu muitas passagens, sobretudo aquelas que difamava o povo português, uma versão completa e mais fiel ao original foi recém lançada pela editora Todavia no Brasil. Aqui, deixo um comentário mais aprofundado sobre o tema:

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Fuga do Inferno - Nicolae Sofran

 Por: David Vega

   
Nicolae Sofran, fugiu de prisões romenas e veio ser taxista no Rio de Janeiro, lançou um livro de memórias.

Estou lendo o brutal relato do grande Nicolae Sofran. De uns tempos pra cá, disse a mim mesmo que iria me dedicar ao estudo da memória, não apenas a coletiva, mas aos relatos pessoais, pois as sociedades são compostas de indivíduos e são as experiências singulares que a meu ver importam mais do que a ideia geral ou quando a priori se tenta fazer valer o conceito desprezando a averiguação empírica. É a eterna discussão entre aqueles que acham que o direito ou qualquer norma escrita que precede a aplicação na verdade corresponde ao real. Daí, surgem bizarrices daqueles que de uma forma intencional ou ingênua, preferem crer nas linhas de uma doutrina do que aprender com a História o que ela representou enquanto implantada.

Não vou entrar no mérito dos diferentes experimentos que uma certa ideologia aí tentou fazer, em diferentes graus existe a também fracassada, embora ao menos não violenta, tentativa de Robert Owen em New Harmony, porém também os casos mais trágicos, como o sofrido por Sofran.

Sofran era um jovem sonhador encantado com os ideais de liberdade numa Romênia ainda não ocupada pelos soviéticos. Viu toda a movimentação da Guarde de Ferro de Codreanu, e também o auge de escritores como Cioran. Porém tudo viria a desmoronar quando em 1944, no final da guerra, os russos anexaram seu país. Nos anos 1950, como ele narra no livro, ele presenciou uma mudança abrupta de Bucareste. Tentou-se erradicar não só qualquer tradição, mas fizeram o que Orwell relata em 1984, uma espécie de Novilíngua, tentando abolir o pronome possessivo; a individualidade passou a ser punida pela lei. Possuir um sapato diferenciado daquele oferecido pelos camaradas do partido seria uma aspiração “burguesa” dos traidores que se recusavam à padronização imposta pelo poder central. O curioso é que o relato não é novidade para as incansáveis histórias que lemos daqueles que infelizmente viveram esses tempos, ou seja, todos experimentos baseados nessas ideias fracassaram, gerando as inimagináveis ditaduras arbitrárias, e quantos mais precisarão surgir para que se aprenda a lição? Até quando continuarão pessoas relativizando e dizendo que “foi mal interpretado”. Quantos mais precisarão perecer até se compreender que tudo aquilo forçado que visa a alteração da natureza humana jamais poderá vingar?

Sofran narra o que lhe ocorreu ainda quando era garoto, e no seu célebre “Fuga do Inferno”, tão importante quanto o famoso Arquipélago Gulag, ele começa o livro dizendo: “Para um ocidental que não passou por tamanha infâmia, é difícil ou mesmo impossível acreditar nesta história, tal qual um saciado que não sente a fome do faminto (...) Eis a diferença radical entre o Ocidente e nós”.

Criou-se na Romênia de então o “programa de condução ao banheiro” para procedimentos hediondos, e a substituição de termos comuns do idioma para evitar o “crime de pensamento” (crime de intenção qualificado pelo Art. 267 do Codul Penal romeno). Supriu-se a individualidade; fazendo uma substituição do calendário da dieta, proibição e controle sobre a escrita e sobre relações sexuais). Mantiveram a paranoia persecutória de uma ameaça constante, do ocidente que era culpado por todos os fracassos da administração do governo. Aos “inimigos do povo”, restou um sistema prisional (autoexplicativo) que visava modificar e controlar o pensamento do infrator por meio do duplipensamento, levando sempre à dialética. O que internamente ele e seus amigos diziam em tom de ironia (que poderia custar-lhes a prisão) – “Se tudo está bem, por que então tudo está mal? Resposta: É porque precisa haver a dialética, camarada!”. Sofran conta que um amigo seu teve uma prisão de 5 anos a trabalhos forçados por contar uma piada em público contra o regime. Ou de um professor que foi condenado à igual “sorte” por se recusar a entregar para o governo discos de Beethoven e títulos de sua biblioteca considerados “subversivos e imorais burgueses”.

Enquanto pós 1945 a Europa do ocidente celebrava o fim da guerra e o Plano Marshall visava reconstruí-la, os romenos ainda viviam sob o terror. Sofran narra indignado as propagandas que os americanos e ingleses faziam de Stalin, claro, isso antes da Guerra Fria, tecendo declarações de amor à Rússia enquanto eles sofriam todo tipo de arbitrariedade. Na sua primeira prisão, ele narra que o trabalhador era forçado a trabalhar “voluntariamente” e no país inteiro o princípio era “tudo é nosso e ninguém tem nada” (o que chamavam de “despropriedade”). A classe trabalhadora devia trabalhar, e não pensar. O trabalhador era coagido fisicamente a trabalhar, ou então era “traidor”, quando sob a mira de um Nagant apontado a ele, executava as piores tarefas, era então considerado um “camarada que trabalhava para a glória do partido”.

Sofran foi preso e solto em 1963, aos 22 anos, quando tenta a segunda fuga, volta a ser preso e é torturado ainda mais, com a anistia em 1964, consegue chegar à Alemanha e depois vem ao Brasil. Casou-se com uma brasileira e atualmente o casal administra uma pousada em Vila Velha no Espírito Santo. Ele também foi taxista no Rio de Janeiro. Hoje beira os 90 anos e presenteou ao mundo sua obra, que sirva de lição. Em uma entrevista com o organizador do livro, ele, em tom de humor, coisa que nunca perdeu, exibindo cicatrizes feitas por seus algozes, diz que o Brasil é uma terra abençoada e conta algumas piadas sobre o “comunismo”:

“O que é um automóvel no comunismo? É um carro onde passeia a classe operária através de seus representantes!”.

“Qual é a diferença entre Capitalismo e Socialismo? No capitalismo o homem é explorado pelo homem, no Socialismo é o contrário!”.

“O que é a dialética materialista? Resposta: é uma ciência que mostra o inverso do contrário!”.

Caiu na gargalhada. A tortura nunca lhe roubou o humor!

Lembremos que Ceaușescu foi um dos mais sanguinários ditadores que o mundo já viu, e seu regime perdurou até 1989!

Recomendo o livro do Sofran, para um pouco mais de humanidade e empatia em nossos corações!

sábado, 5 de fevereiro de 2022

As Aventuras de Donoso Bueno (Trilogia) - David Vega


Olá, pessoal. Chegaram os três livros da série de aventuras do personagem Donoso Bueno, que criei em 2018 e ao longo dos quatro anos escrevi influenciado pelo momento que atravessava, o primeiro da trilogia, é ambientado em duas épocas, no seio da escravidão durante o império e depois na revolução tenentista de 1924. O segundo, se passa durante a Guerra Civil Espanhola e o último, mistura uma aventura na floresta amazônica e em um futuro caótico, distópico, muito influenciado pela pandemia, quando comecei a escrever a história final da saga.

Donoso Bueno é um jovem caboclo, uma espécie de Indiana Jones brasileiro, revivendo as aventuras clássicas do Cinema que eram exibidas nos anos 1950, 60 e sua reedição nos anos 1980. Após um tempo, o estilo quase que esquecido tanto na literatura quanto nas telas, é remodelado e acrescido com toques de nossa realidade nacional. Muito me inspirei na série clássica da Vagalume, que lia quando era criança, e nos livros do mestre Francisco Marins. Sua namorada é Sônia, uma filha de poloneses e sufragista que faz passeatas na capital paulista do início dos anos 1920, além de seu fiel amigo Boaventura, um marinheiro que participou da Revolta da Chibata.

Os inimigos vão desde perigosos nazistas, índios canibais e espiões da KGB, aos futuristas com lasers indicando viagens temporais fantásticas. Escrever essa trilogia foi fazer uma homenagem ao meu herói de infância das telas, interpretado por Harrison Ford, mas também aos famosos exploradores que vieram ao Brasil, como Von Martius e o próprio Percy Harrison Fawcett, que inspirou o personagem.

Uma reverencia aos grandes Júlio Verne e H.G Wells também, e a todos os clássicos da literatura e do Cinema.

 Trilogia:

 1 - O Dobrão do Velho Amâncio

2 - Donoso Bueno e a Dama de Elche

3 - Donoso Bueno e o Segredo dos Caraíbas

 Bem, deixo aqui as capas dos três livros. Caso haja interesse, envio para todo o Brasil. O preço da trilogia (sim, os três juntos!) é R$ 55 já com o frete incluso, cada livro tem 180 páginas mais ou menos. Estão em brochura e diagramados facilitando a leitura. As capas foram desenhadas pelo cartunista Toni D´Agostinho.


 



Aceito PIX: 11988271020

 

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 Deixo aqui o link da minha página pessoal, lá, dá para comprar também através do PayPal.


http://www.davidvega.com.br/loja-virtual/


Os livros estão disponíveis para Amazon Kindle também, busque por Donoso Bueno no site da Amazon.br

Obrigado!

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